19 de agosto de 2010

Em Tudo daí Graças!

Quero contar um testemunho maravilhoso que aconteceu comigo: há cerca de um ano e meio atrás, numa terça-feira aparentemente normal, às 23:30 aproximadamente, eu estava estacionado com meu Golf modelo 2009, novinho, lindo, com um som maravilhoso, e “sem seguro”, na frente da casa de um amigo meu e irmão em Cristo, quando de repente 3 jovens se aproximaram e tomaram meu carro em assalto. No outro dia, às 09:00 eu encontrei meu carro, todo queimado. Coloquei a mão em cima do que sobrou e disse: Deus me deu, Deus tomou, bendito seja o Seu nome! Fiquei com uma dívida enorme pra pagar. Esse é meu testemunho.


Nem preciso dizer que ninguém irá aplaudir este meu testemunho. Nem um irmão ficará emocionado... nem um irmão chorará. Muitos até ficarão com pena de mim. Na realidade, todos acharão uma grande loucura esse testemunho.



O que ninguém percebeu com certeza, é que esse testemunho é do tipo de testemunho mais verdadeiro e sincero que pode existir. Isto porque, é quando as coisas vão de mal a pior, e nada dá certo, que realmente podemos medir nossa gratidão a Deus. Esse é o melhor termômetro.



Você tem um coração grato a Deus? Você agradece a Deus por tudo, independente do que aconteça? Cuidado, muito cuidado ao responder essa pergunta. Porque a verdade é que nós, muitas vezes, só sentimos um profundo agradecimento a Deus quando as coisas acontecem do jeito que esperamos. É triste, mas é verdade. E é justamente aí que está o problema. Sabe por quê? Porque quem só consegue agradecer a Deus quando as coisas acontecem da forma esperada, não tem esperança em Deus. Pelo contrário: quem age assim tem esperança em si mesmo, nos seus próprios planos e nos seus próprios sonhos.



De fato, eu só tenho condições de medir minha real gratidão a Deus quando as coisas acontecem de modo diferente do que penso, espero ou programo. Só nessa situação é que poderei dizer, com cem por cento de certeza, se sou realmente grato a Deus por todas as coisas que me acontecem. Só aí é que poderei dizer que realmente confio na vontade de Deus como sendo a melhor, mesmo que seja contra a minha vontade. Aprender a confiar em Deus pode parecer fácil, mas não é. É um exercício árduo e diário. Quando dizemos com nossas bocas – ou com nossos corações – “Senhor, coloco minha vida em suas mãos”, Ele cuida de nós e não tem jeito. Mesmo que as circunstâncias O acusem dizendo que Ele não está cuidando, ou mesmo que nossos olhos O acusem ao ver que as coisas não estão caminhando como planejamos ou da forma que julgamos ser boa e adequada.



O grande problema é que temos a tendência de pensar que, se Deus cuida de nós, nenhum mal vai nos acontecer. É por isso que tem muitos cristãos que não compreende o tipo de testemunho dado acima. É por isso, também, que tem muitos cristãos dizendo por aí que “crente que é crente não fica deprimido, não contrai doença...”. Que grande besteira. Que evangelho medíocre esse que tem sido pregado.



Experimente falar isso para uma mãe fiel a Deus que ora dia e noite pela cura de seu filho e, mesmo assim, tem de vê-lo morrer de câncer. Experimente falar isso para um pai que tem que suportar seu filho dia após dia chegando em casa drogado e alcoolizado. Experimente falar isso para uma mãe que esta enterrando seu filho porque foi morto num tribunal do crime, por causa de uma dívida com o traficante do bairro. Fale isso para um dos milhares de crentes que perderam o emprego na crise mundial. Ou que tal dizer isso a um servo do Deus altíssimo que, por circunstâncias tristes e aflitivas da vida, entra em profunda depressão.



O que esses “profetas” do século XXI não sabem é que Deus não nos poupa DO sofrer; Ele nos poupa NO sofrer. É verdade. Deus não nos exclui do sofrimento. Ele prefere se incluir no sofrimento junto conosco, ao nosso lado, porque isso nos faz crescer e aprender a confiar nEle. Sim, a confiança genuína em Deus é um exercício árduo e diário, porque envolve dor e renúncia. Já imaginou se Deus nos desse um cronograma completo e um mapa detalhado, mostrando com antecedência tudo que Ele faria em nossas vidas, bem como o tempo e o modo como as coisas aconteceriam? Nós jamais iríamos ter confiança genuína nEle. Se Deus agisse assim, nós acabaríamos por confiar muito mais no plano detalhado ou no cronograma completo do que propriamente nEle.



Confiaríamos nos acontecimentos vindouros, e viveríamos o presente em função do futuro, pois saberíamos de antemão que, numa determinada data, algo iria acontecer. Isso não é viver. Isso não é confiar. Isso não é esperar. Enfim, isso não é crer. Que se esclareça de uma vez por todas: não existe confiança no campo da visão. São conceitos contraditórios entre si, pois quem vê não confia. Quem vê, sabe. Quem vê não espera; quem vê tem conhecimento que algo vai acontecer. É bem verdade que ver um plano detalhado de Deus para minha vida pode até me proporcionar descanso, mas não porque tenho confiança nele, e sim porque EU SEI... porque tenho conhecimento, informações e notícias do que vai acontecer.



E sabe de uma coisa? Deus não costuma dar informações. E quando dá, não as dá com muitos detalhes. Deus não trabalha com notícias; Deus trabalha com promessas. Muitas vezes, Deus fala que vai fazer sem dizer como vai fazer. Deus prefere as promessas, porque promessas exigem de nós confiança em seu caráter, esperança na sua provisão e crença em seu cuidado.



Você está descansando no EU SOU, ou está descansando no EU SEI? O que tem te proporcionado descanso na alma? O que você tem visto ou em quem você tem crido?



Se é o que você vê que te faz acreditar e confiar em Deus, sinto em te decepcionar: você não acredita nem confia nEle, mas na sua própria visão. A perspectiva é a inversa. A fé que eu tenho em Deus é que deve me fazer ver as coisas acontecendo. Se eu vejo para poder crer, eu não creio. Se eu creio, eu posso ver.



Nós temos que aprender a crer em Deus e a ter um coração grato a Ele independente de ver ou não as coisas acontecendo. Se as coisas acontecem, eu sou grato a Deus. Se as coisas não acontecem, eu também sou grato a Deus. Quando confiamos, entregamos. Entregamos nossas preferências, nossos desejos, nossos sonhos. Abrimos mão que as coisas aconteçam do jeito que a gente quer.



Por isso, não nos surpreendamos mais com tal tipo de testemunho. Deus não depende de acontecimentos extraordinários, ou de milagres, ou seja lá do que for para existir e se fazer presente. Deus está na maior de todas as curas, e também está na maior de todas as perdas. Deus não precisa de circunstâncias favoráveis para mostrar que está ao nosso lado, cuidando de nós. Lembre-se: Deus não nos dá o mapa. Ele fala apenas o essencial para que continuemos caminhando. E em sua voz nós cremos. E pela nossa crença, nós vemos.



Por fim, deixarei uma palavra de um querido irmão em Cristo:



Eu sei que meu Redentor vive (Jó 19)!



Espere aí, você esta com úlceras por todo o corpo.


- Mas eu sei que Ele vive!


Você perdeu seus filhos de uma maneira trágica.


- Mas eu sei que Ele vive!


Você foi abandonado por sua mulher. Ela não suporta seu hálito.


- Mas eu sei que Ele vive!


Seus bens foram consumidos, roubados, saqueados.


- Mas eu sei que Ele vive!


Seus amigos, os melhores, aqueles que são mais chegados que irmãos, te acusam, tiram o que sobrou de dentro do seu coração.


- Mas eu sei que Ele vive!



O que este homem sabia, que a igreja de hoje infelizmente não sabe?




Que Deus vos abençoe!!!


Carlos Alberto Tomio

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