31 de março de 2011

Os heróis da usina nuclear japonesa






O mundo está comovido com a bravura dos 180 trabalhadores que se esforçam para diminuir a temperatura e a radiação da usina atômica de Fukushima no Japão. Aos poucos, as famílias dos 50 de Fukushima – como o grupo é conhecido, já que trabalham em turno de 50 homens – vão revelando histórias de quem vive o drama de perto.



Uma garota, que é conhecida como @nekkonekonya no Twitter, postou uma mensagem sobre seu pai, que trabalha na usina. “Nunca vi minha mãe chorar tanto. Os trabalhadores estão lutando, se sacrificando para proteger todos. Por favor papai, volte vivo pra casa”, publicou a jovem.



Outra mulher disse que o marido, que também está na usina, topou encarar o trabalho mesmo sabendo o risco que corria. “Ele trabalha sabendo do risco de radiação”, revelou. Ela contou que o marido conseguiu mandar um e-mail de dentro da planta. “Ele disse ‘por favor, siga vivendo bem. Não poderei voltar pra casa tão cedo'.”


A filha de outro trabalhador, que se voluntariou para ajudar na usina, comoveu milhões de pessoas quando um canal de televisão leu seu e-mail em rede nacional.


“Meu pai ainda está trabalhando na usina. Eles estão praticamente sem comida. As condições de trabalho são duras. Ele diz que aceita seu destino como uma pena de morte”, escreveu.


Outra japonesa, identificada no Twitter como @NamicoAoto, também contou a história do pai que foi trabalhar na usina de Fukushima como voluntário. “Ele vai se aposentar em seis meses e, mesmo assim, foi trabalhar lá. Meus olhos até se enchem de lágrimas. Em casa, ele não parece o tipo de pessoa que conseguiria trabalhar em algo tão grande, mas, hoje, sinto muito orgulho. Eu rezo para que ele volte pra casa com segurança”, contou.


Segundo o especialista Michael Fridlander, que já trabalhou em crises nucleares em usinas norte-americanas, os trabalhadores de Fukushima são heróis.


“Eles provavelmente estão bebendo água congelada e comendo como no exército. Eles devem comer no escuro e com medo de que a comida os contamine ainda mais”, explicou. “Este tipo de funcionário está absolutamente comprometido em fazer o que for humanamente possível para deixar a usina em boas condições, mesmo que a vida dele corra risco”, completou.


Outro especialista, o japonês Keiichi Nakagawa, acha impressionante a bravura dos 50 de Fukushima. “Eles são como combatentes suicidas numa guerra. Não consigo descrevê-los de outra maneira”, disse.